quinta-feira, 23 de setembro de 2010

falando em equinócio...

Zero Grau de Libra
por Caio Fernando Abreu
 
“Sobre todos aqueles
que continuam tentando,
Deus, derrama teu Sol
mais luminoso”
 
O Sol entrou em Libra. E porque tudo é ritual, porque fé, quando não se tem, se inventa, porque Libra é a regência máxima de Vênus, o afeto, porque Libra é o outro (quando se olha e se vê o outro, e de alguma forma tenta-se entrar em alguma espécie de harmonia com ele), e principalmente porque Deus, se é que existe, anda distraído demais, resolvi chamar a atenção dele para algumas coisas. Não que isso possa acordá-lo de seu imenso sono divino, enfastiado de humanos, mas para exercitar o ritual e a fé – e para pedir, mesmo em vão, porque pedir não é só bom, mas às vezes é o que se pode fazer quando tudo vai mal.
Neste zero grau de Libra, queria pedir isso a que chamamos Deus um olho bom sobre o planeta Terra, e especialmente sobre a cidade de São Paulo. Um olho quente sobre o mendigo gelado que acabei de ver sob a marquise do cine Majestic; um olho generoso para a noiva radiosa mais acima. Eu queria hoje o olho bom de Deus derramado sobre as loiras oxigenadas, falsíssimas, o olho cúmplice de Deus sobre as jóias douradas, as cores vibrantes. O olho piedoso de Deus para esses casais que, aos fins de semana, comem pizza com fanta e guaranás pelos restaurantes, e mal se olham quando dizem coisas como “você acha que eu devia ter dado o telefone da Catarina à Eliete?” – e o outro grunhe em resposta.
Deus, põe teu olho amoroso sobre todos os que já tiveram um amor sem nojo nem medo, e de alguma forma insana esperam a volta dele: que os telefones toquem, que as cartas finalmente cheguem. Derrama teu olho amável sobre as criancinhas demônias criadas em edifícios, brincando aos berros em playgrounds de cimento. Ilumina o cotidiano dos funcionários públicos ou daqueles que, como os funcionários públicos, cruzam-se em corredores sem ao menos se verem – nesses lugares onde um outro ser humano vai-se tornando aos poucos tão humano quanto uma mesa.
Passeia teu olhar fatigado pela cidade suja, Deus, e pousa devagar tua mão na cabeça daquele que, de noite, liga para o CVV. Olha bem pelo rapaz que, absolutamente só, dez vezes repete Moon Over Bourbon Street, na voz de Sting, e chora. Coloca um spot bem brilhante no caminho das garotas performáticas que para pagar o aluguel dão duro como garçonete pelos bares. Olha também pela multidão sob a marquise do Mappin, enquanto cai a chuva de granizo, pelo motorista de táxi que confessa não ter mais esperança alguma. Cuida do pintor que queria pintar, mas gasta seu talento pelas redações, pelas agências publicitárias, e joga tua luz no caminho dos escritores que precisam vender barato seu texto – olha por todos aqueles que queriam ser outra coisa qualquer que não a são, e viver outra vida que não a que vivem.
Não esquece do rapaz viajando de ônibus com seus teclados para fazer show na Capital, deita teu perdão sobre os grupos de terapia e suas elaborações de vida, sobre as moças desempregadas em seus pequenos apartamentos na Bela Vista, sobre os homossexuais tontos de amor não dado, sobre as prostitutas seminuas, sobre os travestis na República do Líbano, sobre os porteiros dos prédios comendo sua comida fria nas ruas dos Jardins. Sobre o descaramento, a sede e a humildade, sobre todos que de alguma forma não deram certo (porque, nesse esquema, é sujo dar-certo), sobre todos os que continuam tentando por razão nenhuma – sobre esses que sobrevivem a cada dia ao naufrágio de uma por uma das ilusões.
Sobre as antas poderosas, ávidas de matar o sonho alheio – não. Derrama sobre elas o seu olhar mais impiedoso, Deus, e afia tua espada. Que no zero grau de Libra, a balança pese exata na medida do aço frio da espada da justiça. Mas, para nós, que nos esforçamos tanto e sangramos todo o dia sem desistir, envia teu Sol mais luminoso, esse do zero grau de Libra. Sorri, abençoa nossa amorosa miséria atarantada.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Reflexo



Quem será que é essa que tanto me olha no espelho?
Uma mulher com rosto bonito e sorriso amarelo?
Quem é essa que hoje prefere o silêncio pra não parecer desatualizada?
Essa ai mesmo, que se olha de vários ângulos pra tentar se achar mais magra?
A mesma mulher que um dia se viu única e feliz.
A mesma que buscou um sonho. Teve um filho. E abriu mão de uma vida.
Uma mulher comum que com ar cansado, liga o piloto automático diariamente pra levantar de manhã e fica feliz por causa de um sorrisinho bobo do filho amado.
Uma mulher que chora de raiva quase todos os dias porque não consegue voltar a ser o que era.
Tentando buscar sozinha a alma a tanto esquecida.
É mulher.. te reconheço diariamente.. mas não te aceito real.
O que tu passas é compartilhado por outras tantas.
Não baixa tua cabeça. Pisa forte e traça teu destino.
O que hoje parece pesado, te fará forte no futuro!
Quem sabe um dia eu possa te reconhecer novamente como o meu reflexo.

sábado, 11 de setembro de 2010

Chuva

Que a chuva lave minha alma!
Que a chuva leve embora toda essa tristeza. Esse desconforto.
Que a chuva molhe meu rosto e resfrie meus pensamentos.
Que a chuva traga alguém que perdi pelo caminho.
Que chuva faça eu me reencontrar.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

o amor mais louco!

Lendo o comentário da minha cunhada no meu primeiro post. Não tinha como ter outro tema senão o Lorenzo.

Ser mãe é sentir o amor mais louco do universo. Primeiro você ama um girininho que você não sente fisicamente, mas sabe que já existe dentro de você. Com o tempo esse amor vai se moldando. A barriga crescendo. O amor aumentando. Logo você começa a sentir algo se mexendo dentro de você. Ohhh sensação doida essa. E maravilhosa também. Uma vida nascerá em breve. Um ser que precisará de você pra tudo. Alguém que dependerá exclusivamente do seu amor pra crescer. Li uma vez, que quando nasce um filho, também nasce uma mãe. E acho que essa frase resume muito deste pleno momento. Depois que você sabe o sexo dessa vidinha, ela já ganha nome, então os sonhos começam a ter rumo mais certo. O quarto já tem cor. As roupinhas também. E a barriga vai crescendo. As dores nas costas também, os enjôos também. E o amor? Ahh o amor mais louco. Vamos pular pra melhor parte? Nasceuuuuuuuuuuuuuuuu! Mãe de primeira viagem como eu é bicho. Digo isso porque nos tornamos instintivas. Até porque não sabemos como é ter um filho até tê-lo. (óbvio) As primeiras dores de ouvido vem e você chora junto pois até você descobrir que é ouvido o tadinho sofre muito. (valeu cunhada) O tempo vai passando novamente. Muittooooo mais rápido que antes. E quando você vê o seu bebezinho, dependente, pequeno, indefeso, cresceu. Ainda é um bebê mas agora ele caminha, já prefere ir pra rua do que ficar no seu colinho quentinho e protetor. Aí que dor no peito que dá. Mas é a vida né? "Criamos os filhos pro mundo", não sei se isso funciona pra mim, mas tudo bem. Ahh e o amor hein?.. Nessas alturas, o amor já não deve nem ser descrito pra não perder o mais bonito dele, o silêncio no sentir, a intensidade do amar. Amar um filho(a) é divino, de Deus mesmo. É despretencioso, gostoso, aquece o coração. Emociona só de pensar. É o amor mais louco do mundo, do universo. O amor mais puro e mais verdadeiro.
Acabo esse post amorosoooooo demais citando David Coimbra:
Dizem que um pai deve dar o que há de melhor PARA o seu filho. Nada disso. Na verdade, e foi isso o mais importante de tudo que aprendi, um pai tem que ser o melhor PELO seu filho. E é assim que é, e isso é o mais poderoso: hoje, tenho de ser uma pessoa melhor doque eu era. Melhor do que jamais quis ser.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Sem sono..

Estava eu pensado agorinha atrás, durante o banho, sobre o que escrevi no post anterior. Tudo q listei na real são coisas bem futeis não acham? Mas o que é realmente futil ou util? O que é superficial? O que mais vale hoje é fútil e superficial tô certa? Não gosto muito de acreditar nisso. Mas é o que observo nas relações humanas. Profundidade encomoda. Prende. É pesado. O superficial, o fútil, encanta, é leve, e pode mudar a cada dia.
Aí que tá. Se todo mundo sabe. Até porque não é novidade o que escrevo, porque todo mundo prefere o fútil? Hummm talvez porque seja o mais fácil de lidar sem se machucar. Ou talvez porque as pessoas não queiram mais o profundo. talvez nem saibam que ele existe. Se é que ele ainda existe.
Ai gente, esse texto tá tão confuso quanto meus pensamentos agora.
Na real só queria dizer que estava sem sono.. e queria escrever um pouco...

e tudo começa agora!


Bom, a grande maioria das mulheres-mães, já deve ter passado pelo que estou passando agora. O fim de um ciclo. Um recomeço interno. O Lorenzo já tem quase 11 meses, caminha e logo vai para a escolinha e eu preciso reaprender a ser mulher, esquecer um pouco o lance de ser mãe 24 horas por dia. Me reinventar.
Talvez essa seja minha palavra de honra para este período: REINVENÇÃO! Mudar cabelo, voltar ao bom e velho salão de beleza semanal, despachar os quilos ganhos e por ai vai. Voltar a trabalhar. Acho que de tudo isso é o mais importante. Voltar a ter o meu próprio dinheiro. Ajudar nas despesas domésticas. E conquistar os meus sonhos. E não são poucos, nem baratos. Poxa vida gente, bom gosto custa caro. (risos)
A reinvenção nada mais é do que você fazer algumas coisas que já havia esquecido de fazer. No meu caso, muitas coisas esquecidas. Depilação com cera, música alta, tirar várias fotinhos bem legais pra se achar bem sexy, roupas novas e menores. Olhar no espelho e se reconhecer linda. Hoje tenho mais paciência comigo em relação a isso tudo. Acho q a maternidade me trouxe, dentro de zilhões de coisas maravilhosas, essa calma interior. E a certeza que tudo que quero, vou conquistar! A parte complicada vai ser começar a depilação com cera de novo... mas fazer o que né... nem tudo é perfeito! ;)

E como diria um velho conhecido: "Quem sabe faz a hora. Não espera acontecer.."